O CHORO É LIVRE E ALIVIANTE

Os motivos que nos fazem chorar são muitos e diferem de um indivíduo para outro. Encher os olhos d’agua, sentir um nó na garganta e perder o controle de nossas emoções são sinais de que o choro está prestes a chegar. Todos nós já passamos por isso. você certamente já passou por isso. Ainda que essas indicações de que estamos quase em pranto sejam
parecidas para todos, os motivos que nos levam a chorar são bastante
individuais. A parte do cérebro responsável pelos sentimentos, associa emoçõesmomentâneas aquelas já vivenciadas anteriormente e guardadas em nosso cérebro, gerando algumas respostas, sendo o choro uma delas. Ato continuo, substâncias envolvidas nesse processamento emocional são liberadas e através do sistema nervoso causa a contração da glândula
lacrimal, liberando a lágrima. Esses fenômenos neurológicos e endocrinológicos são relacionados ao instinto de defesa do ser humano. Pode-se dizer que há mais de um tipo de choro: o resultante de alguma emoção espontânea ou até mesmo simulada e o intermitente ou persistente, que pode surgir sem motivo. O choro de saudade, de emoção, de tristeza, de alegria, de paixão e até mesmo de ira, alivia e abranda esses sentimentos expressados. A maioria das pessoas, de forma geral, nessas ocasiões, procura esconder ou disfarçar, porem em muitos desses casos não conseguem seu intento. Sentem-se com enorme desconforto e grande parte deles evita falar sobre assuntos que suscitem emoção, sabem que inevitavelmente irão as lagrimas. Eu sou assim. Isso causa grande preocupação nessas pessoas, que tentam de todas as maneiras escapar dessas situações, o que nem
sempre é possível. Lembro que mais novo eu ouvia as histórias de vida de meu pai, das
dificuldades que enfrentou quando, por necessidade, se viu obrigado a deixar a terrinha e vir para Brasil navegar em mares nunca dantes navegados, ele normalmente chorava e eu também. A família dizia que
nós, os Barbosa, éramos chorões. Eu lembro que isso veio comigo e já adulto, em alguns casos, não
conseguia controlar a emoção e essa instabilidade me deixava apreensivo, incomodado. Lembro ainda de algumas situações em que precisei falar de assuntos ligados ao lado emocional, e me deixei tomar pela emoção e não
consegui dizer o que queria ou o que tinha a dizer. No Aniversário de 80 anos de meu pai, preparamos uma grande e boa festa, amigos, parentes e até autoridades se fizeram presente. Primeiro houve missa de agradecimento e depois a festa regada a boa bebida, boa comida e boa música. A missa teria uma fala de cada filho e ao ser chamado ao púlpito pra ler a parte que me cabia, fui, mais uma vez, traído pela emoção e minha fala deu lugar ao choro. Não consegui terminar. Em 2019 resolvi fazer o caminho de Compostela, existem muitos caminhos, mas optamos pelo caminho francês saindo de Saint-Jean-Pied- de-Port. Eu, meu filho, minha filha, meu genro e meu sobrinho, iniciamos a caminhada em 29/03/19 e 30 dias depois chegávamos ao nosso destino. Em meio a caminhada incorpora-se ao grupo outra sobrinha e passei a contar com a melhor companhia possível, cinco filhos. Caminhávamos em média 7 ou 8 horas dia e normalmente conversávamos muito, sobre os mais diversos assuntos, mas não havia conversa que resistisse a tantas horas diárias. Nessas ocasiões, quando calávamos, iniciávamos um processo de reflexão. Normalmente conversávamos com Deus, em muitas dessas conversas eu acabava por chorar. Mas essa aventura é assunto para outra oportunidade. Lembro do nascimento dos meus filhos e depois em seus casamentos, na preparação da festa de 80 anos de minha mãe, o nascimento de minha primeira neta, o nascimento de meu neto e em outras tantas ocasiões a emoção aflorou e eu não resisti. Esse, a meu juízo, é o tipo de choro que alivia, nos acalma e nos traz de volta ao controle. Creio que a reação a esse fenômeno também difere de um indivíduo para outro, da mesma forma que são diferentes os motivos que deram início ao processo.

Texto – Jorge Barbosa Emoresásio/Patrioa

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