SANTIAGO, VIAGEM AO INTERIOR

Sair de Saint Jean Pied de Port e caminhar mais de 900 km até Santiago de Compostela é criar as condições que permitam seu grande encontro com você. Uma grande viagem ao seu interior.
São muitas as horas de conversas e de reflexões.
As lições, motivações e reações, certamente diferem entre peregrinos, o que me motivou foram as histórias de pessoas que haviam feito essa aventura. Alguns desses caminhantes são familiares, dois concunhados, um sobrinho e meu filho. Eram relatos de dores, de beleza e de superação. Isso despertou em mim a vontade de também viver essas emoções.
Para nós cristãos é impossível o viés religioso não aflorar durante as muitas horas de reflexão. Conversei comigo e também muito com Deus e a ideia de que era ouvido fortalecia minha mente e me dava forças para que todos os dias eu pudesse iniciar nova jornada. Percebi que tudo que precisei para viver nesse período cabia em uma mochila, que podia vencer meus medos e que os desafios pareciam maiores do que na verdade eram. Esse é um bom aprendizado para a vida.
Fiz o caminho com meus filhos, meu genro e um sobrinho, e quando estávamos em Leon recebemos mais um reforço em nossa equipe, mais uma sobrinha, filhos de um do meus concunhados que já haviam feito essa caminhada. Acho que posso dividir essa experiência única em três etapas distintas.
Primeira etapa:
A etapa em que a ansiedade e a expectativa são rapidamente substituídas pelas dores e pelo cansaço dos primeiros dias. Nesse período, travei uma luta diária contra a vontade de desistir. Também foi preciso uma boa dose de adaptação aos costumes e dificuldades do caminho. Para mim a fase mais difícil.
Segunda etapa:
Vencida a batalha travada todos os dias contra a desistência, razoavelmente adaptado aos novos costumes e já convivendo bem com as dores e com o cansaço passei a contemplar as belezas que o caminho nos apresenta. No quesito beleza, o caminho é muito generoso.
Terceira e última etapa:
Agora, bem perto do final da jornada, meus olhos ja não viam mais nada, com o pensamento fixo na chegada, com a alma em festa por ter conseguido realizar o que antes parecia impossível, senti um misto de alegria pela chegada, de saudade por ver próximo o fim a jornada e de tristeza, pela volta à vida cotidiana. Uma grande o boa sensação do dever cumprido, todos os motivos para agradecer a Deus.
Fiz o caminho com as melhores companhias e fui abençoado por ter tido a oportunidade de viver junto com eles essa mágica aventura. Foram minha muletas quando as pernas não podiam me carregar, hoje estou certo que sem eles teria sido muito difícil conseguir terminar essa aventura, ou até mesmo não tivesse chegou a Santiago.
Uma experiência única e que proporciona bons aprendizados para a vida.

Texto de Jorge Barbosa – Empresário

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