Jose Saramago definiu filhos como seres que nos foram emprestados para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Saramago afirma ainda, ser esse um ato de muita coragem, é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de agir corretamente e do medo de perder algo tão amado. Bendito empréstimo que Deus nos faz, com ele aprendemos a ser melhores filhos, a amar nossos pais. Esse empréstimo divino nos torna também egoístas, nunca mais queremos devolvê-los.
Na infância são nossos heróis, sabem tudo e de tudo nos protegem, mas nós crescemos e na adolescência, quando achamos que que o mundo gira em torno de nós, que somos o centro do universo, nossos olhares já reprovam mais que aprovam, nossos pais estão ultrapassados e não acompanharam a evolução, ainda vivem no passado e nós estamos no futuro. Mas o tempo, inexorável, segue seu curso e insiste em não parar, e novamente crescemos. Com o tempo, esse professor que nos põe de pé e de joelhos, que nos ensina como levantar depois de cada queda, mais uma vez muda nosso olhar sobre nossos pais. Agora já não parecem tão ultrapassados assim, até tem razão em muitos casos. Eis que ele, o tempo, volta a nos mostrar que podemos contar e aprender com eles, nossos pais. Quantas vezes, já adultos, recorremos a eles e em todas essas vezes fomos atendidos com carinho, com apoio, com conselhos ou com soluções.
Rui Barbosa expressa bem esse amor incondicional e inexplicável dos pais pelos filhos, e também dos filhos pelos pais, ao dizer que, se um dia mesmo homem feito e realizado, sentires que tuas obras desmoronam, que não há ninguém a tua volta para te estender a mão, esquece tua maturidade, volta a tua infância e balbucia, entre lagrimas e esperança as únicas palavras que sempre te restarão na alma, minha mãe, meu pai. Bons pais também são filhos melhores.

Texto – Jorge Barbosa- Empresário