Em 1817, na então capitania de Pernambuco, surge um movimento que manifestava a insatisfação dos pernambucanos com as desigualdades existentes à época, e que só aumentaram com a transferência da corte portuguesa para o Brasil. Com a chegada da realeza vieram os aumentos dos impostos para financiar seus gastos, inclusive com campanhas militares, e a nomeação de portugueses para cargos públicos importantes em detrimento da elite local, contribuindo para a crescente insatisfação com a coroa.
Esse movimento, diferente dos anteriores, conseguiu tomar o poder, transformado a conspiração em sucesso, mesmo que por pouco tempo, e fazendo da capitania de Pernambuco um país independente.
Instala-se um governo provisório e em seguida foi proclamada a república em Pernambuco e decretada a liberdade de imprensa e de credo. Também foi instituído o princípio dos três poderes.
A Igreja católica e maçonaria juntaram forças e lutaram lado a lado, possibilitando que a sonhada independência da capitania se tornasse uma realidade.
Durante o período de 06 de março a 20 de maio de 1817, Pernambuco existiu como país independente, teve seu embaixador, Cruz Cabugá, enviado à Washington com intuito de ver sua independência reconhecida, fazer acordos comerciais que pudessem dar sustentabilidade ao novo país, além de comprar armas e contratar mercenários.
Pernambuco tinha no bojo de sua independência um projeto de nação que defendia a liberdade de imprensa, a liberdade cultural, a liberdade de pensamento e transparência nas ações de governo, além de se contrapor a excessiva cobrança de impostos. Também foi nessa época que nossa bandeira foi desenhada, guardando grande semelhança com a atual.
Não fomos muito longe e nossa liberdade e independência da coroa portuguesa durou pouco.
O sonho foi sufocado e a realidade foi uma dura reação do governo português que enviou uma frota de navios vindos do Rio de Janeiro, para bloquear suprimentos e ajudas vindas pelo mar, e por terra foram enviados soldados vindos da Bahia com a incumbência de invadir nossa cidade e tomar de volta o poder. Os insurgentes foram mortos em combate ou executados e Pernambuco volta a condição anterior.
Os que nos fez fortes e protagonistas dessa história, despertando no país os ideais republicanos, de independência, de liberdade de expressão e de pensamento parecem ter sido esquecidos. Somos, hoje, apenas uma sombra do que foram esses valorosos libertários pernambucanos, que deram suas vidas por um país melhor e mais justo.
Texto de Jorge Barbosa – Empresário
