TRATAMENTO ENTRE FILHOS E PAIS

Certo dia li alguns escritos que falavam sobre o relacionamento, sobre convivência e sobre tratamento entre filhos e pais. Falavam de filhos que levam pais idosos a restaurantes e de como esses pais se sujavam ao comer. Falavam também do constrangimento das pessoas que presenciavam essas cenas. Fiquei a imaginar que motivos levaram aqueles filhos a tomar essa atitude. Talvez o sentimento de retribuição, talvez o gosto de estar com o velho pai, ou quem sabe, apenas, para satisfazer a vontade do idoso, mas acho que a melhor explicação é amor. Outros escritos falavam de como vemos nossos pais. Falavam que na infância os vemos como se soubessem e pudessem tudo, falavam também de como os papéis se invertem na adolescência, quando nós é que sabemos tudo, que eles são de outra época, desatualizados e mais outras tantas coisas desse tipo. Quando nos tornamos adultos percebemos que nossos pais entendem algumas coisas, mas também pudera, eles já são velhos. Com a chegada da maturidade começamos a achar que deveríamos pedir conselhos ao velho pai, perguntar como ele agiria em certas situações. Alguns escritos falavam do sentimento de perda que nos invade quando precisamos decidir sobre algo que não estamos seguros e pensamos, como seria bom que ele, o bom e velho pai, estivesse aqui para nos orientar. Novamente fiquei a imaginar que motivos levaram filhos a escrever sobre isso, e de novo penso ser o amor a melhor explicação. Filhos que se tornam pais, sem dúvida, serão melhores filhos. Sentirão uma grande responsabilidade e um enorme sentimento de proteção aos seus próprio filhos. Talvez, de início não entendam, mais tarde compreenderão e saberão o verdadeiro significado desse sentimento chamado amor. Alberto Barbosa, meu pai, não era muito afeito a restaurantes, gostava mais de passeios. Já havia muito tempo que aos domingos saíamos a passear e como ele já não dirigia, era eu seu motorista de fim de semana. Lúcido como poucos e tendo acumulado muita experiência e conhecimento com a dureza que a vida lhe impôs, aproveitava esses momentos para nos orientar e transmitir esses conhecimentos. Deus entendeu que sua missão estava cumprida e o chamou, mas viveu entre nós, quase 90 anos, e em vida nos deu bons exemplos e bons ensinamentos, seu legado foi de trabalho e de justiça, de seriedade e de correção. Pai você foi meu herói, mas nunca meu bandido, você foi mais, muito mais que um amigo, você foi espelho que só refletiu compreensão, conhecimento e amor. Pai desculpe se não fui bom aluno, sei que você compreende que nunca tenha dito isso, sei que você também sabe que espero poder transmitir aos meus filhos tudo que recebi de você. Pai de onde você estiver, continue nos abençoando e orientando.

Texto de Jorge Barbosa – Empresário

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